" Um amor para recordar "
Os sinos
da igreja badalavam pela chegada da grande hora. Todos os amigos íntimos e
familiares estavam presentes na catedral. Seus olhos se inundaram de lágrimas,
o coração palpitou mais forte que anteriormente. Fungou o nariz e deslizou as
unhas por entre os longos fios de cabelo. Estava na hora de ir e ela tinha que
aceitar esse momento por bem ou por mal.
Por cima
dos ombros, deu á última olhada para trás. O grande espelho refletia a imagem
de uma linda jovem, por baixo de um maravilhoso vestido branco de noiva,
trançado até o meio das costas com um laço medieval. Estava ciente de que o
arrependimento preencheria seu peito assim que atravessasse os grandes portões
de ferro da igreja, mas tinha uma ponta de orgulho incentivando-a erguer a
cabeça e seguir ao altar. O seu ego sempre fora maior que tudo e
consequentemente lhe trouxe muitos problemas.
Esse
problema tinha nome, sobrenome e endereço. Niall Horan.
Conheceram-se
há uns meses atrás, numa balada de luxo que suas amigas de trabalho,
geralmente, frequentavam no fim de semana. Uma delas, Jaqueline, tinha uns
contatos importantes e acabou apresentando á (s/n), ninguém mais ninguém menos
que Niall Horan. Foi atração á primeira vista. Ele estava enfeitiçado com a
graciosidade e delicadeza da menina. Jurou á si mesmo que não sairia dali sem
seu telefone ou pelo menos um beijo. Chegou a pensar o quão frustrante seria
ter de procurá-la pelos quatro cantos da Irlanda sem saber ao menos seu nome.
Pois com certeza não se lembraria no dia seguinte.
Mas por
aquela princesinha, ele poderia sair beijando todas as garotas da cidade até
reconhecer o gosto de seu beijo. Porém havia uma vírgula nessa história de amor
á primeira vista. Niall estava namorando uma modelo parisiense, saiam toda
semana nas capas de revistas por baixo das manchetes que diziam ser o casal
mais adorável da Inglaterra. E a menina, apesar de também sentir-se atraída com
o irlandês, tinha um compromisso sério, que poderia concretizar-se de vez á
qualquer momento. Carregava um anel de diamantes no dedo médio da mão direita,
exibindo o noivado de oito meses.
Os amigos
vos aconselhavam a não levar nada tão a sério, pois ambos tinham um
relacionamento sério com outra pessoa. Mas aqueles argumentos eram fracos demais
pra quebrar a corrente de cumplicidade que surgia entre os dois jovens.
Ele tinha
alguns meses de férias na cidade natal, antes de retornar á turnê com a boyband
famosa, e dedicou todo esse tempo com a menina. A cada dia era uma surpresa com
a convivência que mantinham. Cada sorriso um coração amolecido, cada beijo uma
lembrança engraçada, cada toque especial um arrepio. Podiam sentir aquela
atração perigosa queimar nas veias e arder no estômago quando estavam perto um
do outro. Aquilo não podia acabar, queriam ver onde tudo podia dar, gostavam da
diversão ás escuras, sentiam-se recuperados.
Mas o
encanto se quebrou depois de uma ligação numa madrugada de sábado. Ela tinha
acabado de ser pedida em casamento e o noivo explodia de ansiedade por uma resposta
significativa. As famílias do casal eram unidas, praticamente duas em uma e
esperavam pacientemente por esse momento. Tinha como dizer não? - Ela se
perguntava todas as noites antes de dormir. Niall
ainda não havia sido informado da tal notícia e ela estava criando coragem pra
dizer que tinha cometido o maior erro de sua vida, o qual faria com que os dois
se afastassem por um longo tempo. Quem sabe até pra sempre, por mais que ela
negasse essa hipótese com todas as forças em sua cabeça. Chorava todas as vezes
que imaginava seus próximos dias longe da Irlanda, sem ao menos escutar
aquela suave voz no meio da tarde.
Infelizmente,
horas depois, a notícia voou pelos ares e acertaram logo aos ouvidos do garoto.
Ficou péssimo ao saber que a grande garota da sua vida havia lhe usado durante
todos esses meses, feito se apaixonar de verdade pela primeira vez, pra depois
se casar e abandoná-lo sem ao menos uma explicação. Chegou a pegar, certa vez,
as chaves do carro pra dirigir até a casa da menina e tirar satisfações daquela
história terrível, mas preferiu afogar as mágoas na tequila e relembrar todos
os casos mal sucedidos que tivera durante toda a vida. Nenhum deles tinha sido
tão especial quanto estava sendo com (s/n). Mesmo sendo um romance secreto, ele
estava feliz por ter alguém de verdade ao seu lado, que se preocupasse com o
seu humor, com seus sentimentos. Só ela tinha o dom de fazê-lo flutuar toda vez
que pronunciava seu sobrenome.
Os dias
se arrastaram, fazendo ambos sofrerem em mil lágrimas, com o medo de não se
encontrarem nunca mais. Saudade dos dias que passavam juntos e dos amassos que
trocavam dentro do carro. E quanto mais aquele sentimento sombrio apertava,
sentiam que estavam apaixonados de verdade e que não era só um fogo de palha ou
uma diversão de poucos dias.
A menina
caminha pelo grande salão decorado, seguida das madrinhas de honra e produtores
de evento. O camera-man contratado para a filmagem do casamento, ia logo a
frente com aquela coisa de luz enorme na mão, tentando registrar todas as
expressões de nervosismo da noiva. A irmã, apesar de emocionada com o grande
evento, notava o comportamento irrelevante que ela mostrava, sem interesse
algum pro casamento e pensamento longe, em um paraíso onde Niall a esperava com
um lindo buquê de flores na mão.
Os
grandes portões de ferro da catedral se abrem. Em alerta com o rangido da
abertura, os convidados se ajeitam de pé, com os olhares voltados para a
entrada, embalados pelas primeiras notas da marcha nupcial. O homem alto e
robusto, trajado com um terno de linho fino e sapatos de couro, cruza o braço
direito da menina ao seu enquanto sorri gentilmente, incentivando-a a dar os
primeiros passos pelo extenso tapete vermelho. Ela
segura o nó na garganta e inconscientemente, procura pelo rapaz loiro pelos
bancos de madeira da igreja. Com certeza devia ter se lembrado de que ele não
havia recebido o convite para a ocasião e não se viam á exatamente dez dias. E
se dissesse sim diante daquele altar, provavelmente não se veriam nunca mais.
Amanhã se mudaria para o novo apartamento em Nova York, onde o noivo planejava
morar nos próximos anos de vida ao seu lado
.
Frente a
frente ao padre e ao noivo, suas pernas bambeiam. Uma voz no seu subconsciente
diz que as chances se esgotaram e uma nova vida começa. O peito sofre mais uma
vez. Não queria ter uma vida infeliz, porém tinha medo de dar desgosto aos
familiares em negar os votos de casamento, que fora planejado durante meses e
meses. Era sim uma menina apaixonada, louca pra casar, mas como uma criança que
cresce, desgostou da velha rotina.
- Aceita
ou não? - o padre pergunta impaciente, pela segunda vez, á menina que estava
com o pensamento longe da cerimônia. Todos a encaravam apreensivos, prevendo
que um "Não" saísse de sua boca. O noivo suava frio, apesar de
segurar suas pequenas mãos com uma tranquilidade assustadora. A menina pensava
em forjar um desmaio ali mesmo, só pra fugir daquela pergunta fatal por alguns
minutos. Os minutos que a fariam pensar uma decisão certeira pra sua vida.
Mesmo que isso fosse magoar os familiares ou não. Era a sua felicidade em jogo.
- PAREM!
- uma voz aguda e masculina ecoa pelos quatro cantos da catedral, deixando sete
ecos nas paredes traçadas de ouro maciço. Não precisou mudar o olhar pra
reconhecer aquela voz. Era ele! Só podia ser ele pra recuperar sua alegria das
cinzas.
Os
convidados encaram a entrada da catedral pela segunda vez. Niall não tinha
economizado no traje e tinha feito questão de vestir um terno preto para se
adaptar á cerimônia. O violão que trazia pendurado nos ombros deixava um ponto
de interrogação em cada indivíduo presente naquele local, que tenta decifrar o
porquê daquele jovem rapaz estar ali. As más línguas da cidade, já deduziam
como amante e riam das expressões de espanto dos pais da noiva, que deviam
imaginar a mesma coisa. A filha seria perdida para um homem qualquer com
violão.
- Quando eu era mais jovem eu vi. Meu pai chorar e xingar ao vento.
A linda voz
angelical, ecoa alto para que todos ouçam
as primeiras linhas de The only
exception.
Seus olhos magnificamente azuis carregavam pequenas
poças de
lágrimas enquanto dedilhava as cordas do instrumento
e tentava fazer a voz se sobressair
diante dos comentários espantosos dos convidados.
Cada
passo adiante do altar fazia a menina entrar em erupção de tamanha felicidade
em revê-lo em um momento propício e ainda cantando como jamais ouvira cantar.
Ela sabia que aquela canção se encaixava com os dois e com tudo que estavam
vivendo. Agora, já não mais importava o que seus pais iam pensar a respeito de
uma relação fora do noivado. Não ia se importar com as fofocas do dia seguinte
e muito menos com o modo que seria julgada. A única coisa que lhe importava
agora era Niall e ninguém mais.
- E
aquele foi o dia em que prometi que nunca iria cantar nada sobre amor se ele não existisse.
Mas, querida, você é a única exceção. Bem, você é a única exceção
Niall canta e aproxima cada vez mais do altar,
pra buscar a sua garota. A garota que jamais deveria ter saído do seu lado.
O noivo,
sentindo-se excluído e humilhado diante de tudo aquilo, afastou-se do altar,
deixando seu lugar á Niall, que o ocupou perfeitamente com o seu violão, como
uma última peça que se encaixa no quebra cabeça. Ambos os olhos brilhando,
sorrisos estampados até o canto das orelhas e lágrimas fujonas de saudade, que
marcavam seus rostos corados com tamanha aproximação em público.
- Tenho
um forte controle sobre a realidade, mas não consigo
deixar o que está aqui diante de mim.
Sei que você vai embora pela manhã quando você acordar
Me deixe com alguma prova de que isso não foi um sonho, Whoa.
A feição
alegre rapidamente se fecha com as últimas palavras.
Estava
ciente de que tinha acabado de desmanchar um casamento, mas o que valeria de
verdade seriam as preciosas palavras que sairiam da boca da menina. Ele não
podia deixá-la ir embora sem saber o que ela sentia por ele agora, depois de
terem passado tantos dias juntos. Tinha a necessidade extrema de descobrir se o
único a se apaixonar perdidamente fora apenas ele.
- Por
favor, não me deixa. Não vá embora com ele. Eu acabei de descobrir que te amo,
(s/n). Não posso suportar a ideia de acordar todos os dias sem você ao lado. Eu
não vou aguentar vê-la indo embora levando junto meu coração. - com a voz
embargada e falha de ter corrido quilômetros até a igreja, atinge o coração
daquela menina como uma flecha virosa. Os olhos curiosos da igreja esperavam
por alguma palavra da garota, que permanecia estática e gelada do susto que
acabara de tomar.
- Eu só
vou embora... Se for pra ir com você. - ela desabafa pro mundo inteiro ouvir,
caindo nos braços do verdadeiro amor. E mesmo que aquele não fosse o final
planejado para o casamento, obtiveram os aplausos emocionados dos convidados.
Ao passar dos anos...
- Niall?
- ela o chama com a voz ranzinza, enfraquecida pela chegada dos oitenta anos de
vida. As aparências tinham modificado, não estavam tão enérgicos como há
quarenta anos, porém o amor continuava acima de tudo, suprimindo qualquer
barreira. Principalmente esta que eram obrigados a conviver. As camas de um
hospital.
- Sim,
querida? - ele responde com a voz tão enfraquecida e ranzinza que a dela. Seu
pescoço se esforça para fitar a esposa na cama ao lado da sua.
- Eu só
queria dizer que te amo, caso qualquer coisa aconteça. - as lágrimas dolorosas
escorrem dos olhos. O aparelho medidor de batimentos cardíacos que havia ao
lado de suas camas, reproduziam os bipes vagarosos alertando o desaceleramento
do coração.
- Não vai
acontecer nada, querida. Lembra que você disse que só iria embora se eu fosse
com você? - ele sorri esperançoso, fitando o teto branco do hospital. - Se
estivermos juntos, resistiremos juntos até o último dia. - esticando um pouco
seu braço, consegue alcançar a ponta da outra cama e então entrelaça os dedos
com os da sua esposa, prometendo estar ao seu lado para sempre.
FIM!
Vas happenin?
Geente, mais um imagine que eu crio
de um jeito totalmente diferente dos comuns.
#medo!
Espero que gostem. ><
Malikisses, Biia.